segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Precisamos mesmo ser tão críticos?

Sem querer começar falando da minha infância nem nada, quando eu era criança, adorava um quadro que ficava no atelier da minha mãe. Nós (eu e ela, não o quadro) nos mudamos algumas vezes, e aquela pintura lá, sempre junto. Beleza, cresci e minha mãe me deu o quadro de presente. Fofo, né? Mas ainda não cheguei ao meu ponto. Pendurei o quadro no meu quarto e só aí reparei que tinha um descascadinho no lado superior esquerdo dele. Inho, mesmo. Só dava pra ver bem de perto. Provavelmente, tinha sido eu a culpada, na hora de transportar o presente. Enfim: os dias se passavam e eu não conseguia mais admirar a pintura. Quando eu olhava pra ela, meus olhos iam direto para o descascadinho. Comecei a ficar bem histérica. Não com a tela, mas comigo. Sério: tinha 99,8% de quadro perfeito. Por que eu teimava em olhar para o 0,2%?

Sem querer transportar a questão do quadro pra vida, mas transportando, comecei a reparar como, às vezes, tudo está quase perfeito, mas nos focamos justamente nesse “quase”. Minha nova roupa é linda, mas a cor da calça dela é estranha... A foto que eu tirei ficou ótima, mas esse meu fio de cabelo fora do lugar... Tudo está tranqüilo, mas esses 3kg a mais... Minha amiga é ótima, mas a risada dela... Argh! Tudo bem, não dá pra ver só as coisas boas à nossa volta e achar que o mundo é um pão-de-ló (bem, inventei essa expressão). Mas, quando tudo está quase lá, precisamos mesmo ser tão críticos? Por exemplo: se nossa vida está cheia de coisas legais, menos a discussão que tivemos com nossos pais, uma discussão precisa contaminar o resto da nossa vida, a ponto de só pensarmos nisso e fecharmos a cara?

Tenho uma amiga (eu sempre uso minhas amigas para os exemplos ruins, mas o que eu posso fazer? Citar meu cachorro? E eu nem tenho cachorro) que é exatamente assim. Coincidência ou não, ela é virginiana (pra quem não lê horóscopo: os virginianos têm essa fama de se focar no descascadinho do quadro). O caso é: se ela dá uma festa e, sei lá, o brigadeiro ficou mole demais, ela é capaz de deixar de curtir porque está com a cabeça na frustração do brigadeiro. Virginianos ou não, acho que todos nós desperdiçamos bons momentos deixando que o lado ruim sobressaia. Na verdade, acho que isso é preferível a ser uma pessoa relapsa que aceita qualquer foto, qualquer roupa, qualquer vida. Mas espere um pouco, né? Faz mais sentido adotarmos o caminho do meio, como diria o Dalai-Lama, ou o Buda, sei lá. Se o seu trabalho não é, digamos, escolher as fotos que vão sair numa revista, precisa tanta paranóia com o fio de cabelo?

Bem, mas vamos voltar ao quadro, porque eu amo terminar o post complementando o que eu escrevi no primeiro parágrafo. Decidi que ia mandá-lo para algum lugar que faça restauração, mas depois desencanei. É que, com o tempo, o descascadinho foi parando de me incomodar tanto. Ainda bem, né? Na boa, minha casa não é uma galeria de arte e eu posso ser super feliz com uma pintura imperfeita. Aliás, agora, estou escrevendo de frente pra ela. Pro quadro, não pro descascadinho, afinal, ele só corresponde a 0,2% do total.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Você quer um passado novo?

Esse ano eu fui à Cabo Frio e fiquei apaixonada por tudo: pelas praias, pelas atrações, pelas lojinhas e também por um garoto – ele era lindo e se chamava Victor. A gente se encontrava todo dia na praia, surfávamos juntos e ficávamos conversando na rua até tarde. Só que os dias iam passando e nada de a gente ficar; No último dia da viagem, decidi dar um jeito e dizer algo, mas... desisti. E aí, no dia que eu ia embora, sem querer sem dramática nem nada, nos despedimos para sempre – ele foi para a cidade dele e eu para a minha. Lembrando que, pra pior tudo, eu perdi o msn dele.

Quando eu lembrava disso, acabava dando bronca em mim mesma. Se eu pudesse voltar no tempo, putz, como eu falaria pro Victor que estava doidinha por ele! Mesmo que fosse pra receber um “Que pena, eu não”, sabe? Pelo menos, eu teria tentado e não carregaria o peso amargo desse arrependimento (ok, exagerei). Parece que, por mais que estejamos satisfeitos, é quase certo que, se pudéssemos voltar no tempo, mudaríamos alguma coisa na nossa vida. A gente não pode fazer isso (se você pode, desculpe), mas tem outra coisa que a gente pode: fazer julgamentos superlegais com nós mesmos, do tipo: “Que idiota eu fui”, “Que covarde”, etc. Eu confesso: era mestra em fazer isso comigo. Só que, da última vez que relembrei essa história do Victor, resolvi dar um tempo nessas críticas.

Depois de refletir por alguns momentos enquanto comia musse de maracujá, (adoro refletir com musse de maracujá), cheguei a duas conclusões que me pareceram bem óbvias:

1) É perda de tempo xingar minha versão passada. Afinal, não posso fazer nada em relação às coisas que já passaram (de novo, se você pode, desculpe). E, principalmente,

2) É injusto fazer isso comigo mesma.

Quando olho pra trás, vejo minha versão de agora, 2.0, fazendo naquelas situações. Só que tomando atitudes diferentes. Quem fez aquelas coisas, foi a pessoa do passado, a versão 1.0. Então, é, no mínimo, uma maldade comigo mesmo (e uma inverdade!) olhar meu passado como se o eu de agora o estivesse vivendo. No começo do ano, coisas que me parecem mais fáceis hoje, eram complicadas. Da mesma forma, espero que, daqui a alguns anos, a minha versão 3.0 tenha qualidades que eu ainda não tenho. E aí? No futuro, vou xingar a minha versão de agora, sendo que estou tentando fazer o melhor?

Se você tem o hábito de olhar pra trás e ver que poderia ter feito várias coisas de um jeito diferente, legal: acho que é quase inevitável fazer isso. Mas, se tem o hábito de se detonar nessas horas, como eu tinha, pense nisso. A pessoa que você foi, para o bem e para o mal, não é quem você é agora: tenha paciência com ela, coitada. E, afinal de contas, foi sendo ela que você acabou sendo quem é hoje. Acho que o negócio é bancar o que a gente fez. Não acha? E, principalmente, tentar fazer sempre o melhor que podemos, para, no futuro, nos lembrarmos disso: que, naquela época, dispondo dos recursos de que a gente dispunha, demos o nosso melhor.

(Mas fico pensando se aquela bocó que eu era não podia mesmo ter criado coragem pra falar com o Victor e... ok, parei!)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma tristezinha gostosa

Ficar triste é ruim. Ficar feliz é bom. A gente aprendeu isso há tanto tempo que fica até meio estranho discordar. São verdades tão verdadeiras quanto dizer que chocolate é gostoso (se você é diabético, desculpe). E eu não vou ser louca de criar caso. Amo ficar alegre e acho chatíssimo me chatear com alguma coisa. Até aí, tudo bem. Mas onde entra aquela tristeza gostosinha, que às vezes invade a gente? Calma, vou explicar.

Não estou falando que tristeza é necessário, importante e tal. Isso você já deve ter reparado. Se você terminou seu namoro ou brigou feio com alguma amiga, você sabe que, até se sentir bem de novo, vai ter que agüentar a dor. Se você se decepcionou com alguém, depois vai acabar vendo como aprendeu com aquela situação, por mais que tenha sofrido na hora. Ninguém escapa de ficar triste às vezes e, se alguém diz que nunca fica triste com nada, tendo a acreditar seriamente que esse alguém está mentindo. Ou é que é bobo, mesmo. Porque como vamos crescer, mudar e amadurecer sem passar de vez em quando por aqueles momentos-bola? Chamo de momentos-bola aqueles em que a gente sente que tem uma bola aqui dentro, que sobe e desce, apertando ora nossa garganta, ora nosso coração. É um saco, é triste, mas, quando passa, a gente vê como foi bom. Ou não, né? Como diria uma amiga minha, há mal que vem pra bem. Minha mãe diz isso também. Mas essa minha amiga é bem pessimista, sabe. E, além do mais, esse post não é sobre ela. Então, continuando com a minha visão otimista, porque é nela que eu acredito: momentos-bola são superválidos. Sempre!

Mas, apesar de ter gastado um parágrafo inteiro, não é dessa necessidade da tristeza que estou falando, meu ponto, aqui, é aquela tristezinha gostosa, sabe. Aquela do título. Aquela que, de longe, se você olhar com certo distanciamento, parece até alegria.

Uma vez, quando uma amizade minha acabou, fiquei muito mal. Muito mesmo. Não era uma bola que tinha dentro de mim, mas o globo terrestre inteiro. Bom, um dia, no meio dessa tristeza toda, fui preparar um macarrão. E aí, lá pela terceira garfada, comecei a chorar. Só que, no meio do choro, olhei pra essa cena, como se eu estivesse olhando fora, sabe. Como num filme. E pensei: “Credo, estou comendo macarrão e chorando. Eu estou triste MESMO”. E acabei dando um sorrisinho. Um sorriso meio triste, claro. É isso que estou querendo dizer com o título. E com o post inteiro.

Às vezes, vivemos tão no automático que esquecemos que somos vulneráveis à vida. E é tão legal ser vulnerável. Nessa hora, não importam aqueles questionamentos sobre a existência de Deus, vida após a morte e coisas assim: no momento da tristeza, tudo faz sentido. Porque, naquele momento, nos importamos muito com alguma coisa. Nos importamos a ponto de... Chorar comendo macarrão. Aí a gente aperta nosso braço e pensa: nossa, eu estou viva.

Tá, a gente não precisa realmente apertar nosso braço pra saber que estamos vivas, mas você entendeu, né?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Procura-se a verdade

Uma amiga minha tem certeza de que está sempre certa. Do conselho para alguém que acabou de terminar um namoro às melhores estratégias para ir bem numa prova: ela tem a chave de tudo. Ou acha que tem, né. Enfim. Outro dia, começamos uma dessas discussões que a gente sabe que não vai levar a lugar nenhum, mas dá o sangue nela (Certo, exagerei). Ela, claro, tinha certeza de que estava com a razão, e eu, bem, er… eu também. Discussão vai, discussão vem, e eu me lembrei da placa do cachorro.

Calma, vou explicar. Um dia, eu estava andando serelepe pela rua, quando vi um poste com um desses avisos assim: “Dona desesperada procura seu cachorro, cor tal, nome tal etc.”. Não sei por que, logo imaginei que louco seria encontrar uma placa assim: “Dona desesperada procura a verdade, tamanho tal, sobre tal assunto, etc.”. Aí eu mesma ri da minha divagação idiota (Tenho várias, ok? Assumo!). Idiota por dois motivos. Primeiro, porque é idiota e pronto. Segundo, porque a verdade não tem dono, né? É muito triste quando a gente percebe isso, mas fazer o quê? Também odeio que chocolate engorde e que chova nos finais de semana, mas as calorias e a chuva estão aí.

É claro que, quando a gente percebe isso (que a verdade não tem dono, caso você não esteja prestando atenção), é normal pensarmos logo em seguida: “Bem, então é a festa da uva! Todas as opiniões são válidas, uhu!” Que dez da manhã é o melhor horário para comer abacate, que namoros devem durar 78 dias, que Deus existe e tem formato de girassol e que todas as pessoas que comem cereal de manhã são volúveis: tudo estaria no mesmo saco. Bom, não é beeem assim, né. Você já deve ter reparado que as opiniões não vêm do nada: tem coisas que as fundamentam.

Um agricultor vai dar um parecer melhor do que eu sobre, sei lá, plantar tomates, e quem se informa terá mais argumentos sobre as eleições do que quem não sabe o que está acontecendo. São opiniões mais bem fundamentadas, digamos, embora isso não signifique que estejam certas. Mas, para complicar um pouco, acontece de as opiniões serem bem fundamentadas para uns, mas não para outros, já que eles usam critérios diferentes para definir qual fundamento vale: o agricultor argumenta usando a técnica, um religioso fala que o melhor é aliar a técnica à oração, uma astróloga garante que não nasce nada enquanto Júpiter permanecer retrógado e um incrédulo diz que não existem tomates e tudo é uma ilusão. Ai, ai! Assim caminha a humanidade: todos brigando pela tal posse da verdade.

Voltando à minha amiga: no fim, não concordamos em tudo, mas chegamos a várias conclusões em comum. Como critério, escolhemos demonstrar racionalmente nossos argumentos: um fala, o outro rebate e assim vai por algumas horas. Que bom seria se fosse simples assim com a humanidade também, né? Mas não dá. São muitas pessoas e muitas opiniões, além de critérios, culturas e crenças diferentes. Quer dizer, isso é o que eu acho. Minha amiga tem certeza de que o mundo só vai levar mais algumas horas, ou melhor, alguns séculos, até tudo melhorar. Aliás, era sobre isso nossa discussão. O que você acha?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Conhece-te a ti mesmo (como se fosse fácil!)

Hoje, no centro (sim, tão cedo, puf), uma menina de uns 15 anos me parou para perguntar pelo endereço tal. Depois que respondi, ela comentou, toda empolgada: “Que bom que é perto! Vou a uma agência de modelos, sabe?” Fiquei com aquilo na cabeça. É que... a menina não tinha o biotipo de modelo. Ela era baixa, não muito magra, o rosto era meio assim... Bom, aí vai: ela não era bonita. Me perguntei: e se ela tentar ser modelo por anos? De que adianta determinação se não temos jeito pra coisa? Mas... Como saber se a gente é mesmo o que a gente acha que é?

Na estou falando só de profissão. Todos os seus namoros terminam por causa da sua histeria, mas você se acha zen? Ou, você teima que o mundo é injusto por te achar chata, quando, na verdade, você costuma ser chata? Nem sempre a gente tem noção das nossas qualidades e dos pontos que podemos melhorar (se desejamos fazer amigos, namorar, essas coisas da vida em sociedade). É difícil acertar na dose de autocrítica – ou a gente tem demais e vive se detonando, ou tem de menos e, mesmo não fazendo o estilo modelo, já está de malas prontas para a temporada em Milão.

Pra piorar a história, nossa autocrítica não costuma ser a mesma em áreas diferentes. Você pode duvidar do seu jeito pra desenhar, mas acha que ninguém manja tanto de, digamos, história da literatura francesa do século 19. Pra piorar ainda mais (desculpe, mas é dever do blogueiro inventar desdobramentos!), nem sempre acertamos em qual área arrasamos. Tipo: você é boa em história da literatura... Mas, espera, você desenha muito bem! Você não vê que pode se dedicar mais a isso e fazer sucesso? O ponto, sem querer voltar para o parágrafo anterior, é que é difícil conhecer nossos limites e nossas possibilidades.

Claro, sua mãe pode ajudá-la no seu autoconhecimento, assim como suas amigas. Mas não é suficiente. Se elas acham que todos os desenhos do mundo são parecidos, vai ser difícil avaliarem se você leva jeito pra coisa. Pode ser também que elas não queiram magoá-la. E pode ser que estejam ocupadas vendo novela. Sem querer dar uma de cdf, o prefixo de autocrítica, “auto”, significa que ela vem de você. Por mais que botem pilha no que você é/deixa de ser/faz, é daí de dentro que tem sair essa consciência. Então, tire essa consciência daí! Tire! Tire!

Calma, melhorar o autoconhecimento leva tempo. É um processo longo, mas que vale a pena: é mais fácil ser feliz e aproveitar as oportunidades quando a gente se conhece melhor, certo? Tenho muito mais noção do que terei daqui a dez anos. Como diz minha tia Rosa, o segredo é deixar o tempo passar, estar sempre aberta ao aprendizado e quebrar a cara algumas vezes! Tudo bem, confesso: minha tia nunca disse isso. Mas é uma conclusão legal, vai.

domingo, 10 de outubro de 2010

Sem medo do ridículo

Sem querer começar esse post contando detalhes da minha rotina, mas começando, ontem precisei tirar um raio X dos “seios da face” (também não sei o que é isso, mas fica no rosto). Bom, entrei na salinha e dei de cara com uma maca à minha frente. Até aí, nada demais. Então, veio um cara com as instruções: eu teria que me deitar de barriga pra baixo, com o queixo apoiado onde estava vermelho e a testa onde estava verde. E ficar um tempinho assim, sabe. Supernormal. Olhei se não tinha nenhuma câmera, tive uma crise de riso e, como o cara fez uma expressão de que não tinha o dia inteiro, fiz o que ele mandou. E fiquei pensando: pelo amor de Deus, eu tenho quase 15 anos. Já era pra eu ter me curado do medo do ridículo!

Afinal de contas, o que é mais ridículo? Aquela posição ou... uma pessoa que, por estar naquela posição, tem medo do ridículo? Não sei você, mas eu fico com a segunda opção. Ter medo do ridículo, muitas vezes, consegue ser mais ridículo do que a própria coisa que nos deu medo. Claro, não estou dizendo que ficar daquele jeito na frente de um estranho é divertido. Mas e daí? O cara do raio lá devia atender milhões de pessoas por dia (ok, não milhões, mas muitas!), nem vai se lembrar do meu rosto e, como a vida não é uma novela, eu não vou descobrir nos próximos dias que ele é meu pai verdadeiro e que a gente se conheceu naquela situação. Enfim, por que tanto medo? Por quê? Por quê?

Bom, se você acha que descobri por que, sinto lhe decepcionar. E, se você acha que, se eu tiver que fazer esse exame denovo, vou amar a experiência, também sinto muito. Na verdade, a única coisa que fiz, depois de conversar com amigas verdadeiras e imaginárias, foi mapear as situações nas quais eu me sinto ridícula e me dar pelo menos uma forma cientificamente comprovada de espantar esse sentimento. Ok, esqueça a parte do cientificamente comprovado. Tudo que eu quero é fugir daquela segunda opção que citei no parágrafo anterior, que concordamos que é ainda pior que a primeira (se você não concordou, desculpe). Quero serenidade! Quero a cura do medo do ridículo! Quero... Tá, vamos à lista, senão o post vai acabar.

  1. Em exames de raio X e posições estranhas em geral: os segredo é se concentrar na efemeridade do momento. Tudo é passageiro nessa vida, seu corpo logo voltará à posição normal... E você fará um pouco de exercício – olha que saudável!
  2. Situações em geral com estranhos: lembrem, eles são estranhos. Vocês nunca serão amigos. NUNCA. Esse argumento é especialmente válido para pessoas que moram em cidade grande.
  3. Roupa errada/dança errada/equívocos variados: o segredo é desviar a atenção do seu erro, focando na sua excentricidade. Vim de jeans no casamento, olha como sou louquinha! Em velórios, dou “parabéns” em vez de “meus pêsames” para descontrair o ambiente, hehe. Se não funcionar, apele para o número 4. Aliás, o número 4 pode ser usado em situações em geral.
  4. Situações em geral: imagine uma imagem na sua cabeça. A primeira que vier. Um coelho voando, mãos enrolando brigadeiro, uma cena de Passione. Fique concentrado nessa imagem até a situação passar. E boa sorte.

[Eu imagino coalas sambando]

sábado, 9 de outubro de 2010

Sinta e não ceda às cobranças

Semana passada, minha amiga foi reprovada num exame muito importante da vida dela. Dificilmente haveria outra chance. É claro que ela ficou toda triste e todo mundo morreu de dó: a família, o namorado, o cara da padaria (ela sempre conversa com o cara da padaria). Até aí, tudo bem. O problema (problema?) é que, dois dias depois, minha amiga já estava toda feliz denovo. Refez os planos e voltou a sorrir. Em vez de ficarem felizes com a superação, as pessoas estranharam. Entendem o que estou dizendo? Todos que se aproximavam com aquela cara de “ai, tadinho, eu soube!” se sentiam decepcionados com a reação dele. Tinha acontecido uma coisa ruim, certo? E ele precisava estar mal, não?

Quando alguém vem desabafar, eu, que não sou psicóloga, costumo usar a técnica do “já aconteceu comigo”. Por isso, comentei com ela uma experiência parecida. Uma vez, consegui algo que queria muito, e aí me diziam coisas como “Uau, você deve estar transbordando de felicidade”. E eu não estava, sabe. Quer dizer, fiquei contente, mas também cheia de dúvidas. O ponto é que, assim como minha amiga, não correspondi ao que os outros esperavam que eu manifestasse. E, como nós duas somos confusas e volúveis, começamos a nos questionar se deveríamos esta do jeito que o pessoal queria: desesperado, no caso dele, e saltitante, no meu.

Não precisamos de mais de dois cafés para chegar à conclusão de que o negócio era não dar bola para o que “deveríamos” sentir. Os motivos são vários, mas, como temos só um post, vou falar dois. O primeiro é que não é justo nos culpar pelo que sentimos ou deixamos de sentir. Não é tipo um botãozinho. Sentimos e, a partir daí, tentamos lidar com nosso interior complexo. A segunda razão tem a ver com essa complexidade: quando as pessoas vêem a nossa vida, elas estão vendo do lado de fora – afinal, só você vê de dentro (dã). E esse olhar exterior tende a captar as coisas mais superficiais do que são pra gente. Dentro de você, pode ser maravilhoso, assustador, amargo, doce. Para elas, é mais fácil classificar como bom ou ruim...

Dá para culpá-las? Suas vivências serão sempre mais complexas para você, que é quem está vivendo. E para os outros, que estão lá ocupados com as coisas deles, começar um namoro é ótimo, terminar é péssimo e assim por diante. Assim, se todo mundo acha que você deve estar ansiosa e você estiver tranqüila... vai ter que agüentar a cobrança. Fazer o quê? Tentar ajudar o botão desse sentimento X? Ou se desneurar?

Eu voto em desneurar. É mais prático respeitar os sentimentos e bancar o que se passa dentro da gente. E digo mais: nem vale a pena se estressar. Melhor dar um sorriso para sua prima que acha que você tem todos os motivos do mundo para surtar (e você está ótima, obrigada) e ir tomar um capuccino. Sem jogar na cara dela, né? =p

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Amigos e nada mais

Quando conheci o Luiz na escola, um dos nossos primeiros assuntos foi se existe amizade entre homem e mulher. Manjado, eu sei. Mas acredite se quiser, foi o tema mais cabeça que surgiu numa tarde em que a gente só queria dar risada. Isso faz 2 anos e, mesmo sem termos chegado a um acordo naquela discussão, o caso é que nós dois continuamos amigos. O que mostra que amizade entre homem e mulher existe, né? Aliás, não ando saindo muito ultimamente, mas acho improvável que eu e o Luiz sejamos o único casal de amigos na Terra.

Bom, mas é claro que, quando as pessoas se perguntam se amizade entre homem e mulher existe, como a gente naquela tarde, o que elas querem saber é se dá para ser amiga de um cara sem que, um dia, role algo. Aí a história muda um pouco.

Vira e mexe, ouvimos alguma história de amigos que se apaixonaram. Sem querer misturar a vida com ficção nem nada, qualquer pessoa que tenha visto algum filme de comédia romântica sabe disso. Em Friends, Monica e Chandler eram superamigos e, um dia, acabou rolando. Imagina se a Monica tivesse uma amiga que dissesse "Tá vendo? Não dá para mulher e homem serem só amigos". Será? A amizade desinteressada, pura, digamos, que tinha existido entre o Chandler e a Monica deixou de ser verdadeira só porque, um dia, eles se apaixonaram?
Hum... Sei não. É estranho dizer que uma amizade entre homem e mulher era uma farsa só porque a relação entre eles mudou.

Não sei você, mas acho meio complicado não acreditar numa amizade só porque um dia, daqui a dois anos e duas semanas, se não chover, pode surgir uma atração. É a mesma coisa que deixar de ser amiga de uma menina porque vocês duas fazem medicina e daqui a dez anos, quando tiverem aberto uma clínica, podem brigar e não é legal brigar em ambiente de trabalho. Tá, não é a mesma coisa, mas você entendeu. O ponto é: qualquer amizade pode se transformar com o tempo, ué. Pode acabar, pode se fortalecer, pode acontecer tudo, inclusive nada. E isso não invalida o passado, invalida?

A gente costuma ter uma resistência danada a mudanças. Ficamos arrasadas ao perceber que já não é tão legal conversar com aquela amiga que já representou tanto para nós (se você não fica arrasada com isso, desculpe). Ou quando começamos a namorar e não temos mais a necessidade de ver nossos amigos cinco vezes por semana. A gente quer que as mudanças ocorram, sim, mas que, de alguma forma, tudo fique como antes.
Talvez por isso, quando ouvimos falar que dois amigos se apaixonaram, a gente leve um susto. Tudo mudou. Se tudo mudou, então nada existia antes? Ih, então é melhor não acreditar em amizade com o gênero masculino. Será? Claro que não! Amizade entre mulheres e homens não é impossível. Alguns casando, outros sendo padrinhos do casamento do amigo. Diferente, nossa amizade com eles pode ser. Sujeita a mudanças, certamente. Como tudo na vida. Não acha?