quinta-feira, 22 de abril de 2010

Fins e começos

Não sei você, mas eu adoro o começo das coisas. De namoro, de amizade, de um livro, de um chocolate, de um curso legal. Que delícia aquele frio na barriga, no caso do namoro, ou do sabor do primeiro quadradinho, no caso do chocolate! Já os fins não costumam ser tão dinâmicos. O chocolate acabou, o livro incrível chegou ao fim e, pior ainda, a amizade e o namoro também. E aí a gente pode se sentir meio sem rumo. O que vamos fazer quando o período que passamos acabar? E quando o curso acabar? E o que faço quando envelhecer e perder minha beleza? E quando meu gato morrer? Aaaah!

Realmente, os fins estão aí, não há como negar (quer dizer, a gente pode negar, mas eles estão aí!). E, às vezes, são difíceis. Fim de namoro, por exemplo. No fundo, a gente sabe quando está deixando de gostar de alguém. Ou quando alguém está parando de gostar da gente. Mesmo assim, nem sempre deixamos aquela história ir embora. Eu já tive um namoro que estava louca pra terminar, mas, ao mesmo tempo, não aceitava isso. Preferi insistir por mais alguns meses, num negócio que eu já sabia que tinha acabado, só por causa dessa coisa que a gente teme... o fim. Além do medo do que vinha pela frente, eu não me conformava com o fato de um sentimento tão forte (era forte, ok?) ter ido embora.

Tipo, por que ele estava fazendo isso? Quem ele pensava que era? Argh.
Fim de amizade também é complexo. Por um lado, você não tem que marcar uma conversa para terminar. Mas, por outro... é triste perceber que não sente mais falta daquela amiga quando está longe ou que aquela garota que era tão querida e admirada por você agora te irrita. Claro, sempre pode ser só uma fase, mas às vezes não é. Tem amizades que a gente pensava que fossem durar pra sempre, mas vão esfriando cada vez mais. Aí a gente dá um jeito, vai se distanciando aos poucos, torcendo pra que tudo um dia volte a ser como era antes, mas não volta. Porque, mesmo que você e sua amiga se reaproximem, não vão ser como antes: nada é como antes!

Bom: como você já deve ter percebido, a gente muda muito a longo dos anos. Além do nosso cabelo e das roupas, mudam nossos sentimentos, nosso jeito de ver as coisas, nossa experiência.
As circunstâncias e as pessoas ao nosso redor se alteram também. Como diria minha avó, até uva passa! Ai, péssima né?
Mas continuando. Sem querer ser autoritária nem nada, é assim que as coisas são, independentemente da nossa vontade: elas acabam, começam. Se não aceitarmos isso, vamos prolongar o sofrimento por situações e pessoas que não fazem mais sentido pra gente. E, pior, podemos fechar os olhos para o novo, que, afinal também faz parte da vida e é tão bom: um novo começo! Sem querer pagar de uma onda no mar, umas coisas vêm e outras vão e, se a gente não precisa pular de alegria quando vão, também não precisa espernear. Bem, talvez seja legal espernear, mas só um pouco. Afinal, espernear um pouquinho também faz parte da vida.



P.S. Dica de hoje http://luiza26.blogspot.com/

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Conto ou não conto?

Há algum tempo, uma amiga me ligou com um tom de voz de “lá vem bomba” e me chamou para um café. Assim que nos encontramos, ela soltou: tinha traído o namorado e não sabia se contava ou não pra ele. É claro que nós, os amigos, não somos um oráculo, e nesses casos, tento dar uma resposta na linha do “cada um é cada um, o que seria do azul se não fosse o amarelo?”. Mas, beleza, quando a bomba é minha, eu amo transformar os amigos em oráculos que me mostrem a verdade e me digam o que fazer.

Então, resolvi dar alguns pitacos.
O problema de falar sobre traição é que só a palavra já remonta a toda uma música de fundo, lágrimas no olhar, tapas na cara, enfim, já deixa claro que é errado e não se fala mais nisso! Se fosse uma palavra como “mamão”, por exemplo, seria mais fácil falar sobre o assunto. Tem quem goste, tem que não goste, tem quem faça uma vitamina e etc. Mas voltamos ao nosso foco fora do mundo das frutas.
Espalharam por aí que, quando um casal se ama, eles ficam um com o outro e com mais ninguém. Por isso, sem querer inventar estatísticas, mas inventando, 99% das pessoas, quando descobrem que são traídas, fazem um drama danado e, na melhor das hipóteses, “perdoam” o traidor. Por outro lado, uns 80% das pessoas já traíram e/ou foram traídas, vai. E aí?

Teoricamente, dar uns intervalos na nossa relação estável e ficar com outro parece ser superdinâmico. Se uma pessoa A namora a B, e B, danadinha, fica com a C, mas volta feliz para os braços da A, o que é que tem?
B já está com a A e a equação (tá, não é uma equação) voltou ao normal.
Certo? Bom, a vida é mais complexa do que três letras trocando de lugar. A gente se depara com sentimentos como orgulho, ciúme e posse, e é difícil abandonar essas referências e ter um namoro “moderninho”. Eu confesso que até já tentei, mas não deu muito certo. Também enche um pouco a paciência, pelo menos a minha, ter uma dessas relações megassinceras. Na boa, se meu namorado beijou uma outra menina, eu quero mesmo saber disso? Será?

Bom, dito isso tudo, falei pra minha amiga o que eu achava: que, se ela não estivesse com dor na consciência, melhor esquecer o assunto e não contar nada. Mas esse conselho foi inútil porque, como eu disse no primeiro parágrafo, ela estava, sim, com dor na consciência. E dor na consciência é mais difícil de sair do que pelo encravado. O que fazer? A solução mais difundida pelas pessoas é confessar a traição. Faz sentido? Ou é só folga do traidor, que tem seu sono de volta e estraga o sono do traído?
Depois de conversarmos muito, ela chegou a conclusão de que iria contar. E aí, ele terminou o namoro, como ocorre em, digamos, 60% dos casos. Isso já faz uns dois meses e pode ser que eles voltem. Vai saber. O caso é: você concorda com a atitude da minha amiga?
O que eu acho mesmo é que cada um é cada um, e o que seria do azul se não fosse o amarelo?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Em busca da felicidade

Sem querer começar o blog com obviedades, mas começando, o ser humano é um bicho estranho. Se você pensar em algo que todos querem, é essa tal de "felicidade". Mas sabemos definir o que é felicidade? Não. Quer dizer, a gente escolhe umas palavras para explicá-la, mas não conseguimos defini-la como fazemos, sei lá, com uma cadeira (aliás, não me peça para definir uma cadeira). Bom, ontem eu estava conversando com uma amiga, quando ela me perguntou como eu faço para me considerar uma pessoa feliz (eu me considero).
Eu não soube o que responder. Mas é claro que a Alice (ela se chama Alice) não se contentou com isso e ficamos discutindo a respeito.

Ela me disse que está sempre querendo algo que não tem. Mas, até aí, eu também. Se estou louca para arranjar um namorado incrível e arranjo, lá vou eu ficar louca para fazer uma viagem. Se viajo, lá vou eu querer, digamos, fazer um curso de Latim. Isso quando não quero namorado, viagem e curso ao mesmo tempo.

Sempre tem algo que falta a nós duas. Mas lembrando, caso você não tenha prestado atenção no primeiro parágrafo: eu me acho feliz, e ela, não. Por quê?

Como todo mundo, nós passamos por problemas. Aliás, indo um pouco além: muita gente tem mais problemas do que nós duas, e muito mais “sérios” (se é que podemos medir assim) e, adivinha... se acha feliz. Bom, mas já que não entrevistei 1,5 mil pessoas, voltamos a nós duas: mesmo nas minhas piores fases, eu me considero feliz. Claro, fico com o nariz escorrendo quando choro, mas sei que a tristeza vai passar, mesmo que a circunstância permaneça (tipo o fim de um namoro). Já ela, nos momentos ruins, sente que tem a prova de que é infeliz. E, se bobear, fica remoendo aquilo por anos. Por quê?


Bem, como você deve ter imaginado, não chegamos a nenhuma conclusão genial. Senão, estaríamos ocupadas escrevendo o livro “Descobrimos o que é felicidade, descubra você também!”. Se bem que há um monte de livros assim. Enfim, o que sabemos é que eu me acho feliz e ela não – e com base nisso, podemos levantar mil hipóteses. A primeira é que ela é uma boba e eu sou o máximo. Ok, hipótese descartada. Ou, então, eu sou menos exigente em relação à felicidade, ou nasci assim e ela assado – essa é a hipótese mais chata, porque não estaria ao nosso alcance ser de outro jeito. Bom: a que mais nos satisfez foi que eu me acho feliz porque tenho a sensação de que estou fazendo o possível para conseguir o que quero (embora o que quero viva mudando). E que essa corrida sem fim – ou com vários fins, à medida que alcançamos os objetivos – é muito divertida. Ela, às vezes, reclama e não faz nada. Claro, não podemos mudar coisas como “a partir de hoje, não choverá aos sábados”. Mas não mudar o que está ao nosso alcance é pedir para qualquer um ficar mal-humorado. Sei lá o que é felicidade, mas mau humor não combina com ela né?