domingo, 19 de dezembro de 2010

O fim da história importa mais que o resto?

Mês passado, uma amiga veio aqui em casa, começamos a conversar sobre literatura e acabei, meio a contragosto, emprestando um livro para ela (sim, sou essa pessoa chata que não gosta de emprestar livros! Ninguém devolve! Sei disso porque estou cheia de livro dos outros em casa). Bom, depois que emprestei, fiquei toda curiosa para saber o que ela tinha achado. Ela não costuma ler muito, mas eu tive certeza que, desse livro, ela ia gostar. Depois de 2 semanas enrolando, ela finalmente começou a ler. Daí, um dia, ela entra no MSN e fala: “Terminei o livro.” Pergunto: “E aí?” E ela responde: “Ah, não gostei do final”.

Sério. “Não gostei do final”: isso é tudo o que ela tinha a dizer? Suspirei e perguntei o que ela achou, então, das outras 290 páginas, já que não tinha curtido as últimas dez. “Ah, sei lá, achei que a história ia acabar indo para outro lado”, ela respondeu. De novo, a danadinha focada no final. Desisti e não comentei mais sobre o livro (a não ser para cobrar a devolução). E fiquei pensando: quantas vezes a gente não dá muito mais valor ao final das coisas do que à história toda?

Nem é só com livros ou filmes. Tem gente que tem um namoro perfeito, que durou três anos felizes, sem nenhuma discussão. Ok, isso não existe. Mas, enfim, o namoro foi lindo a maior parte do tempo e teve um final péssimo – digamos, o cara se apaixonou por uma menina e ambos fugiram para o Caribe. Por que essa parte tem que apagar os três anos inteiros, como se eles não tivessem valido a pena?

Tenho uma prima que ama com todo o amor dela detonar o ex porque ele a largou de repente (embora não tenha fugido para o Caribe com ninguém). Hoje, ela já está toda feliz com outra pessoa, mas, se você pergunta sobre aquele namoro, ela já vai respondendo que foi uma história sofrida, que quase morreu e tal. Ou seja, os momentos em que os dois tomavam sorvete, os passeios, a harmonia, tudo sumiu, e ficou só um cara sem coração e um fim horrível. Pior, ficou aquela sensação de “não deu certo”. Aliás, se tem uma coisa que sempre detestei é quando alguém pergunta “Ahhh, mas por que não deu certo?”. Só porque acabou não deu certo? Para mim, passar um tempão feliz com alguém é, sim, dar certo com essa pessoa, vai.

Uma vez, um amigo meu, super neurótico com dieta, ficou tão encanado com o tanto que tinha comido numa festa que foi embora para casa de cara fechada, depois de uma noite bem divertida. Também tenho uma amiga que, no último dia de viagem de um mês, quebrou um dedo e ficou tão mal-humorada que nem gosta de se lembrar da viagem. Sério, foram tantos dias ótimos, mas ela só se foca no último. Já me peguei fazendo isso também: encanando com a parte chata de uma conversa que, pela noite inteira, foi tão agradável; recordando justamente a hora de um encontro que não foi legal. Por quê?

Pode ser hábito, pessimismo, memória ruim. Sei lá. Só sei que eu, até o fechamento desse post, não faço a menor ideia se existe vida depois da morte. Sem querer ser mórbida nem nada, se não existir, a gente vai ter que se contentar com um final bem sem graça para nossa trajetória: puf, sumimos. E aí, a vida valeu menos a pena por causa disso? Não acho. Prefiro me focar nas 290 páginas que eu aproveitei.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Neuras natalinas

Odeio essa coisa de dividir as pessoas em dois grupos: quem prefere praia ou campo, o pai ou a mãe, namorar ou ficar; e já disse isso várias vezes aqui no blog. MAS, como vocês já devem ter percebido, coerência não é meu forte e vou começar a coluna dividindo os mais de 6 bilhões de habitantes do mundo entre os que gostam e os que não gostam de Natal (desconsidere os povos que não comemoram o Natal, para não estragar minha estatística e continuemos).

Dentro dos que não gostam do Natal, temos a facção radical, que briga com a família e se recusa a comemorar a data – uma mera imposição social e mercadológica na visão deles. Esses são os malas. Dentro dos que gostam de Natal, há um subgrupo moderado, que engloba os que gostam da data (como já foi dito, dã), mas reconhecem que ela é uma rica e dinâmica fonte de problemas, estresse, frustração e histeria. Mesmo conscientes disso, lá estão os integrantes desse grupo, ano após ano, aguardando ansiosos pela data. É nesse subgrupo que eu me encaixo.

Convenhamos: tão ou mais improvável do que ganhar na loteria é ganhar um presente legal no amigo secreto. Ou você vai ganhar uma blusa que não faz seu estilo, ou um CD de um cantor obscuro, ou aquele chocolate que é justamente o que você não come. Pra piorar, você vai dar uma coisa legal porque, afinal, você é legal (estou escrevendo esse post para as pessoas legais). Ah, esse presente legal que você deu vai pro buraco negro dos presentes legais do amigo secreto porque, como eu disse, ninguém ganha um presente legal no amigo secreto.

Mesmo precisando perder 2 kg para a praia, você vai comer demais na ceia e passar o dia seguinte arrependida (enquanto come a comida requentada da ceia). Mesmo tendo se comprometido a não brigar com sua família e a fazer um Natal típico de propaganda de peru/chester/essas aves loucas dessa época, você vai armar um escândalo por causa de alguma coisa que sua mãe disse e vai ficar histérica. E, mesmo gostando da data, você vai ficar irritada por se sentir obrigada a gostar da data – porque é muito chato ser obrigada a gostar de alguma coisa e você é do grupo de que gosta de Natal!

Bom, mas quem se importa? Quando você pensa na árvore toda colorida, na família falando besteira e dando risada, no tio sem-noção que pergunta pelo seu novo namorado na frente do seu pai e a faz morrer de vergonha, na expectativa de receber uma coisa incrível no amigo secreto (não vai acontecer, mas é bonito ter expectativa), na lembrança que daqui a pouco o Réveillon vem e o ano acaba e você está cheia de planos... pimba: depois da festa, você dorme na sua cama quentinha, feliz por mais um Natal. Afinal, quem não gosta de Natal é mala, lembremos!