sábado, 9 de outubro de 2010

Sinta e não ceda às cobranças

Semana passada, minha amiga foi reprovada num exame muito importante da vida dela. Dificilmente haveria outra chance. É claro que ela ficou toda triste e todo mundo morreu de dó: a família, o namorado, o cara da padaria (ela sempre conversa com o cara da padaria). Até aí, tudo bem. O problema (problema?) é que, dois dias depois, minha amiga já estava toda feliz denovo. Refez os planos e voltou a sorrir. Em vez de ficarem felizes com a superação, as pessoas estranharam. Entendem o que estou dizendo? Todos que se aproximavam com aquela cara de “ai, tadinho, eu soube!” se sentiam decepcionados com a reação dele. Tinha acontecido uma coisa ruim, certo? E ele precisava estar mal, não?

Quando alguém vem desabafar, eu, que não sou psicóloga, costumo usar a técnica do “já aconteceu comigo”. Por isso, comentei com ela uma experiência parecida. Uma vez, consegui algo que queria muito, e aí me diziam coisas como “Uau, você deve estar transbordando de felicidade”. E eu não estava, sabe. Quer dizer, fiquei contente, mas também cheia de dúvidas. O ponto é que, assim como minha amiga, não correspondi ao que os outros esperavam que eu manifestasse. E, como nós duas somos confusas e volúveis, começamos a nos questionar se deveríamos esta do jeito que o pessoal queria: desesperado, no caso dele, e saltitante, no meu.

Não precisamos de mais de dois cafés para chegar à conclusão de que o negócio era não dar bola para o que “deveríamos” sentir. Os motivos são vários, mas, como temos só um post, vou falar dois. O primeiro é que não é justo nos culpar pelo que sentimos ou deixamos de sentir. Não é tipo um botãozinho. Sentimos e, a partir daí, tentamos lidar com nosso interior complexo. A segunda razão tem a ver com essa complexidade: quando as pessoas vêem a nossa vida, elas estão vendo do lado de fora – afinal, só você vê de dentro (dã). E esse olhar exterior tende a captar as coisas mais superficiais do que são pra gente. Dentro de você, pode ser maravilhoso, assustador, amargo, doce. Para elas, é mais fácil classificar como bom ou ruim...

Dá para culpá-las? Suas vivências serão sempre mais complexas para você, que é quem está vivendo. E para os outros, que estão lá ocupados com as coisas deles, começar um namoro é ótimo, terminar é péssimo e assim por diante. Assim, se todo mundo acha que você deve estar ansiosa e você estiver tranqüila... vai ter que agüentar a cobrança. Fazer o quê? Tentar ajudar o botão desse sentimento X? Ou se desneurar?

Eu voto em desneurar. É mais prático respeitar os sentimentos e bancar o que se passa dentro da gente. E digo mais: nem vale a pena se estressar. Melhor dar um sorriso para sua prima que acha que você tem todos os motivos do mundo para surtar (e você está ótima, obrigada) e ir tomar um capuccino. Sem jogar na cara dela, né? =p

4 comentários:

  1. A experiência é a base essencial para as atitudes de uma pessoa.

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  2. Gosto de bons textos, desses que despertam na alma um interesse quase impulsivo de reler ao fim da leitura e admirar a beleza de estilo, a simplicidade que os torna singelos e a mensagem transmitida. Isso aconteceu agora. Parabéns por sua maneira leve, descontraída, interessante e inteligente de escrever.
    Gostei muito do seu blog e passo a segui-lo.

    Deixo meu abraço poético.

    Gilbamar

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  3. Hum... Muito bom.
    O fato de vivermos é saber que existirão situações boas e ruins... mas o legal disso tudo é que sempre tiramos algo de bom para nós em qualquer experiência. O aprendizado é uma delas.

    Bom o post.
    Quando der visita o meu blog tá?
    http:/aborboletra.blogspot.com

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  4. Olá como vc está? Eu sou aqui de BH também Anna, gostei bastante dos textos so blog, gostaria de aproveitar pra dizer que a ArtExpressa editora acabou de lançar meu novo romance,.Estou muito feliz! De uma olhada no link http://artexpressaeditora.com.br/produtos.asp?produto=98, se quiser pode ver o vídeo do lançamento em meu blog http://darlanhayeksoares.blogspot.com/ ... ele já está no skoob no http://www.skoob.com.br/livro/131248... visite por favor, nós escritores novos precisamos de muito apoio para continuarmos nas editoras e abrirmos espaço para outros brasileiros..se puder me ajudar na divulgação ficarei muito feliz..bjo

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