segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma tristezinha gostosa

Ficar triste é ruim. Ficar feliz é bom. A gente aprendeu isso há tanto tempo que fica até meio estranho discordar. São verdades tão verdadeiras quanto dizer que chocolate é gostoso (se você é diabético, desculpe). E eu não vou ser louca de criar caso. Amo ficar alegre e acho chatíssimo me chatear com alguma coisa. Até aí, tudo bem. Mas onde entra aquela tristeza gostosinha, que às vezes invade a gente? Calma, vou explicar.

Não estou falando que tristeza é necessário, importante e tal. Isso você já deve ter reparado. Se você terminou seu namoro ou brigou feio com alguma amiga, você sabe que, até se sentir bem de novo, vai ter que agüentar a dor. Se você se decepcionou com alguém, depois vai acabar vendo como aprendeu com aquela situação, por mais que tenha sofrido na hora. Ninguém escapa de ficar triste às vezes e, se alguém diz que nunca fica triste com nada, tendo a acreditar seriamente que esse alguém está mentindo. Ou é que é bobo, mesmo. Porque como vamos crescer, mudar e amadurecer sem passar de vez em quando por aqueles momentos-bola? Chamo de momentos-bola aqueles em que a gente sente que tem uma bola aqui dentro, que sobe e desce, apertando ora nossa garganta, ora nosso coração. É um saco, é triste, mas, quando passa, a gente vê como foi bom. Ou não, né? Como diria uma amiga minha, há mal que vem pra bem. Minha mãe diz isso também. Mas essa minha amiga é bem pessimista, sabe. E, além do mais, esse post não é sobre ela. Então, continuando com a minha visão otimista, porque é nela que eu acredito: momentos-bola são superválidos. Sempre!

Mas, apesar de ter gastado um parágrafo inteiro, não é dessa necessidade da tristeza que estou falando, meu ponto, aqui, é aquela tristezinha gostosa, sabe. Aquela do título. Aquela que, de longe, se você olhar com certo distanciamento, parece até alegria.

Uma vez, quando uma amizade minha acabou, fiquei muito mal. Muito mesmo. Não era uma bola que tinha dentro de mim, mas o globo terrestre inteiro. Bom, um dia, no meio dessa tristeza toda, fui preparar um macarrão. E aí, lá pela terceira garfada, comecei a chorar. Só que, no meio do choro, olhei pra essa cena, como se eu estivesse olhando fora, sabe. Como num filme. E pensei: “Credo, estou comendo macarrão e chorando. Eu estou triste MESMO”. E acabei dando um sorrisinho. Um sorriso meio triste, claro. É isso que estou querendo dizer com o título. E com o post inteiro.

Às vezes, vivemos tão no automático que esquecemos que somos vulneráveis à vida. E é tão legal ser vulnerável. Nessa hora, não importam aqueles questionamentos sobre a existência de Deus, vida após a morte e coisas assim: no momento da tristeza, tudo faz sentido. Porque, naquele momento, nos importamos muito com alguma coisa. Nos importamos a ponto de... Chorar comendo macarrão. Aí a gente aperta nosso braço e pensa: nossa, eu estou viva.

Tá, a gente não precisa realmente apertar nosso braço pra saber que estamos vivas, mas você entendeu, né?

5 comentários:

  1. Interessante ponto de vista, eu sempre digo que nunca arrependo das minhas experiências, sejam elas frustrantes ou não, porque sempre se tira algo de valor de lá. E na verdade, nunca sairemos frustrados como a própria avaliação que fizemos desta.

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  2. Anna eu juro que já sentir essa tristeza gostada, boa!
    Hahaha
    Nuca conseguir explicar isso e você conseguiu brilhantemente!
    *_*
    Bjs

    Blog "Faz Parte..."

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  3. Adorei o texto..com certeza todo mundo em algum momento se sente assim...parabéns pelo blog.

    Já estou seguindo e te convido para acompanhar também o GMN.
    http://guardiadameianoite.blogspot.com/

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  4. Oiiii! Me identifiquei com o seu texto, estou passando por uma fase de muita tristeza, mas no fundo eu sei que é só uma fase , apesar de doer muitoooo, se pudessemos acho que eu preferia pular a dor e ficar só com a tristezinha gostosa.Bjusss e boa semana!!

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  5. Anna,seus textos são maravilhosos...há tempos eu não lia tanta coisa em sequência sem parar...parabéns...seu talento para escrever é fantástico, tem uma leveza e uma clareza impressionante...Parabéns.

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